A fim de aprimorar minha prática pedagógica, experimentei algo novo após 25 anos de experiência como professora: gravei minha própria aula. Fiz isso porque a auto-observação é extremamente recomendada para o desenvolvimento docente, e a seguir vou explicar um pouco mais dos seus benefícios.
No dia em que me gravei pela primeira vez, senti um frio na barriga inédito. Diferentemente dos meus primeiros anos de profissão, aqui a ansiedade nada teve a ver com a necessidade de aprovação que eu sentia quando um coordenador pedagógico observava minhas aulas. Dessa vez, a expectativa estava relacionada às descobertas que eu faria depois de observar o meu fazer pedagógico.
Preparativos para a gravação
Ainda na sala de professores, ao me ver configurando o celular, uma colega comentou: “É hoje que você irá gravar? Nossa! Então, a aula tem que ser perfeita.” Lembro-me de ter pensado que meu anseio era justamente o oposto, o de descobrir “as imperfeições” para tentar melhorá-las.
E lá fui eu com o meu tripé, o aplicativo da Kanttum instalado no celular e a parafernália habitual de minhas aulas. Com a câmera estrategicamente posicionada, vi colegas intrigados passarem pelo corredor e alunos curiosos questionarem: “Eita, professora, para quê vai filmar a gente?” Expliquei que tratava-se de um projeto pessoal de desenvolvimento docente, que consistia em observar minha prática e buscar pontos de melhoria. Todos entenderam bem.
Gravando a minha aula
Enquanto ministrava a aula, percebi que eu estava mais atenta ao meu planejamento e mais cuidadosa com as instruções que dava aos alunos. Eu conhecia a rubrica que seria utilizada para analisar minha aula e traçar meu plano de desenvolvimento docente. Eu não queria pecar em detalhes básicos. Mesmo assim, priorizei ser eu mesma e deixei os alunos bastante à vontade para que a experiência não se tornasse um recorte artificial de minha prática.
Ao final da aula, desliguei a câmera e continuei com meus afazeres administrativos dentro da escola. Mas a tal ansiedade ainda me cutucava: o que será que eu iria descobrir naquele vídeo?
Observando minha prática pedagógica
Finalmente, consegui um tempo para fazer minha autorreflexão na plataforma. Recebi a seguinte orientação: "Procure desapegar-se do papel de observada e tente ser somente a observadora."
A primeira sensação que tive foi de estranhamento, de não me reconhecer em muitas das minhas falas e comportamentos observados. Mas, diante dos fatos, não tive outra opção a não ser a de aceitar que sou aquela professora do vídeo.
E, então, fui descobrindo os recursos da plataforma, como o de permitir pausar o vídeo no momento em que a ação foi constatada e registrá-la.
Ao fazer o exercício de associar a(s) evidência(s) ao(s) critério(s) correspondente(s) da rubrica, a ficha foi caindo aos poucos, de forma natural: “Ah, eu poderia ter verificado melhor se os alunos entenderam a tarefa” ou “Puxa, perdi muito tempo nessa etapa. Poderia ter mudado de atividade, imprimindo mais dinamismo ao ritmo da aula."
Após a coleta de evidências, fiz minha autorreflexão. Será que fui crítica demais comigo mesma? Acho que não. Já estou naquela fase de aceitar e até de me divertir com meus erros. Mas, jamais de me conformar com eles. Afinal, como diz o velho ditado: "Sempre há espaço para melhorar!"
Quer saber mais sobre como a Autorreflexão ajudar no desenvolvimento docente? Leia "Autorreflexão: o poder de transformação nas mãos do professor"
Lições da auto-observação da prática pedagógica
Concluí que o maior ganho veio da oportunidade de reflexão que o processo oferece, do enfrentamento que ocorreu ao contrastar aquilo que planejei e com o que eu efetivamente executei, e de que forma minhas propostas foram recebidas e implementadas pelos alunos.
O processo me permitiu reconhecer aquilo que funcionou bem e aquilo que poderia ser melhorado, com ações simples, mas dirigidas a objetivos claros. Passada a experiência, eu só pensava em gravar minha aula novamente, para ter a chance de implementar as mudanças que me propus. Fiquei com aquela sensação de contentamento ao perceber que a docência me oferece novos desafios e oportunidades de crescimento a cada dia.
Quer ajudar sua escola a aplicar o processo de auto-observação e desenvolvimento docente? Clique aqui para saber mais sobre a Kanttum.
Texto de Luciana Ferruzzi, mentora Kanttum