A palavra feedback é muito utilizada no meio corporativo e se refere ao processo de observação de comportamentos e atitudes de um profissional, tendo em vista um determinado padrão de desempenho. No contexto da educação brasileira, a prática do feedback pode parecer arbitrária ou controladora, mas não o é.
A observação e a reflexão são ferramentas poderosas para a formação de professores e promovem grandes avanços, desde que adotada a metodologia adequada e que se preserve a autonomia dos educadores. A seguir, compartilharemos algumas dicas para que sua escola ofereça melhores feedbacks aos professores.
Coletando evidências para o feedback de professores
O feedback é uma conversa que começa a partir da análise de evidências, então o primeiro passo é definir o material de análise. Para avaliar a prática docente, é possível acompanhar uma aula do professor, seja ao vivo ou gravada. Assim, o mentor poderá identificar os pontos fortes e as oportunidades de melhoria.
Importante lembrar: ao analisar as competências do professor, considere como balizadores de desempenho os critérios pré-estabelecidos pelo currículo da sua escola e as necessidades dos estudantes.
Feedback de educador para educador
O mentor deve ser alguém imerso no mesmo contexto que o professor, ou seja, o diálogo deve ser de educador para educador. Por exemplo, ao avaliar uma aula dada, o mentor pode usar frases que descrevam exatamente o comportamento ou a habilidade que o modelo pedagógico espera: “O professor consegue compartilhar todo o conteúdo previsto, sem extrapolar o tempo da aula." A essa afirmação pode ser atribuída uma nota ou conceito, dependendo da rubrica escolhida pela instituição.
Aqui também se faz necessário o entendimento que o feedback é inevitavelmente um momento delicado, já que envolve as crenças tanto do mentor quanto do professor, além de suas próprias identidades. Nesse sentido, a relação entre mentor e professor deve ser de muito respeito e empatia, sempre visando o crescimento de ambos.
Um bom feedback para professores deve...
- Criar uma nova cultura e mudar mentalidades: Nem todo mundo gosta de compartilhar experiências. Algumas vezes somos nosso maior crítico, em outras, somos compassivos. Por isso, o momento de feedback deve ser bem planejado. Um primeiro cuidado deve ser no estabelecimento de critérios claros e uso de linguagem comum. Além disso, o professor precisa sentir que o processo de feedback traz ganhos e nos faz enxergar aspectos que não conseguiríamos perceber sozinhos ou nas avaliações semestrais dos alunos. A cultura da prática reflexiva e do feedback deve ser implantada aos poucos no ambiente escolar, a fim de que o professor possa perceber o impacto que essa iniciativa terá em sua performance profissional.
- Adequar vocabulário e linguagem: o bom feedback depende da existência de um vocabulário comum entre todo o corpo docente. Ex: Quando o modelo pedagógico define que todos os professores devem adotar metodologias ativas, é fundamental que essa terminologia seja conhecida e a prática seja dominada por todos. Em relação à linguagem, uma dica é evitar o uso da palavra “mas” em feedbacks. Por exemplo: ao invés de dizer “Seus resultados melhoraram muito nesse semestre, mas...” o mentor pode dizer "Seus resultados melhoraram muito nesse semestre. Parabéns! Em relação ao gerenciamento de sala, que tal tentar …?"
- Feedback é diálogo, não monólogo: em uma conversa, há tempo de falar e tempo de ouvir. Normalmente, é interessante ouvir primeiro. Pensar, refletir e então se manifestar. Convide o professor à autorreflexão e ouça o que ele tem a dizer. Nesse sentido, o feedback como ferramenta de formação docente tem uma particularidade: ele deve ser uma troca entre educadores.
Desenvolvimento contínuo de professores
Vale lembrar que o feedback é apenas uma entre as tantas maneiras de se desenvolver professores. Entre suas vantagens, está a velocidade da transformação. Uma vez que as oportunidades são identificadas de forma clara, demonstradas com evidências e discutidas com conhecimento e fundamentação, é possível gerar o engajamento necessário para a mudança.
Além do momento de feedback, é importante estabelecer uma cultura de feedforward, ou seja, quando o mentor pode sugerir planos de ação e recursos educacionais que podem enriquecer o olhar do professor em relação aos pontos de melhoria.